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sábado, 7 de novembro de 2015

Cumprimento literal das profecias bíblicas.

Perguntas respondidas

As Testemunhas de Jeová falam de umas profecias que irão se cumprir no futuro, no novo mundo, mas se formos olhar o contexto, percebemos que essas profecias tiveram um cumprimento no passado. Além disso, tem a possibilidade de que essas passagens bíblicas sejam no sentido espiritual e não literal. Podemos citar como exemplo disso uma publicação das próprias testemunhas de Jeová: “Restabelecimento”, no capítulo 16 p. 245 par. 24 a 26. Nesses parágrafos citam Isaías 55:12,13 onde fala que a “natureza” faria algo, por exemplo: “os morros e os montes ficarão animados” e “as árvores do campo baterão palmas”. Logo, as Testemunhas de Jeová associam essas passagens a 1919, algo que vivenciaram como perseguição e depois uma grande liberdade espiritual da cristandade. Afinal, essas passagens têm cumprimento no passado, no futuro ou é espiritual?

  Algumas pessoas usam argumentos similares aos descritos acima para mostrar que, por exemplo, a “Terra” que as Testemunhas de Jeová falam no Salmo 37:29 não é o paraíso, e sim, uma terra prometida (passado), promessa feita aos israelitas, ou então que a paz que é descrita em Isaías 2:4, onde diz “Nação não levantará espada contra nação, nem aprenderão mais a guerra”, não pode ser utilizado como indicação de que os verdadeiros cristãos não participam em guerras, – uma vez que a cristandade está envolvida nisso, ela não faria parte dessa profecia – pois tal cumprimento se daria de modo espiritual ou mesmo na “nova terra” (futuro). Estes e outros textos são exemplos de que muitas pessoas, especialmente as religiosas, usam textos bíblicos de profecias empregando-os tanto no passado, no futuro e também de modo espiritual. No entanto, acusam as Testemunhas de Jeová de usarem textos bíblicos fora do contexto para apoiarem suas crenças. Mas deixemos que a Bíblia fale por si só, analisemos alguns exemplos.
       A parte da profecia de Isaías, registrada no capítulo 35, descreve a transformação de regiões desérticas em parques ajardinados e campos frutíferos. Os cegos ganham visão, os mudos conseguem falar e os surdos ouvir. Nesse prometido Paraíso não há pesar nem lamento, o que dá a entender que nem mesmo a morte existirá. Como devemos entender essas palavras? Será que dão esperança para nós hoje?
 Isaías 35:1, 2 diz:

“O deserto e a terra árida se alegrarão, planície desértica exultará e produzirá flores assim como o açafrão, ela sem falta produzirá flores, exultará e gritará de alegria, a glória do Líbano lhe será dada, também o esplendor do Carmelo e de Sarom, as pessoas verão a glória de Jeová, o esplendor do nosso Deus.”

Nos tempos bíblicos, o Líbano, o Carmelo e Sarom eram famosos pela sua verdejante beleza. (1 Crônicas 5:16; 27:29; 2 Crônicas 26:10; Cântico de Salomão 2:1; 4:15; Oséias 14:5-7) Isaías aproveitou esses exemplos para descrever como seria aquela terra transformada com a ajuda de Deus. Mas será que isso se daria apenas de modo literal? Não.
Isaías 35:2 diz que aquela terra ‘exultaria e gritaria de alegria’. Sabemos que o solo e as plantas não estavam literalmente ‘exultando e gritando com alegria’. Mas a sua transformação, de se tornarem férteis e produtivos, podia fazer com que as pessoas se sentissem assim. (Levítico 23:37-40; Deuteronômio 16:15; Salmo 126:5, 6; Isaías 16:10; Jeremias 25:30; 48:33) As mudanças literais naquela terra corresponderiam às mudanças nas pessoas, porque estas são enfocadas por essa profecia. Por isso, temos motivos de entender as palavras de Isaías como enfocando primariamente as mudanças nos judeus que retornaram, em especial a sua alegria.
Isa. 35 versículos 3 e 4 diz:

 “Fortaleçam as mãos fracas, e firmem os joelhos que estão tremendo. Digam aos de coração ansioso: ‘Sejam fortes. Não tenham medo. Vejam! Seu Deus virá com vingança, Deus virá com retribuição. Ele virá e os salvará.’”

 O profeta hebreu, Isaías, escreveu-a por volta de 732 AEC. Isto foi décadas antes de os exércitos babilônicos destruírem Jerusalém. Conforme indica Isaías 34:1, 2, Deus predissera que iria vingar-se das nações, tais como Edom, mencionado em Isaías 34:6. Evidentemente, ele usou os antigos babilônios para isso. De modo similar, Deus fez com que os babilônios desolassem Judá, porque os judeus eram infiéis. Com que resultado? O povo de Deus foi levado cativo e sua pátria ficou desolada por 70 anos. — 2 Crônicas 36:15-21. A profecia no capítulo 35 de Isaías teve seu primeiro cumprimento quando os judeus retornaram à sua pátria em 537 AEC.
  A situação certamente não parecia nada promissora para os judeus mesmo quando souberam que poderiam retornar à sua pátria. A terra deles tinha ficado desolada por sete décadas, por toda uma vida. O que tinha acontecido àquela terra? Todo campo cultivado, os vinhedos e os pomares, devem ter ficado um matagal. Os jardins ou terrenos irrigados devem ter-se tornado terra agreste ou desértica. (Isaías 24:1, 4; 33:9; Ezequiel 6:14) Imagine também quantos animais selváticos haveria ali. Estes incluiriam carnívoros tais como leões e leopardos. (1 Reis 13:24-28; 2 Reis 17:25, 26; Cântico de Salomão 4:8) Tampouco poderiam desperceber os ursos, que podiam abater homem, mulher e criança. (1 Samuel 17:34-37; 2 Reis 2:24; Provérbios 17:12) E nem precisamos mencionar as víboras e outras serpentes venenosas, nem os escorpiões. (Gênesis 49:17; Deuteronômio 32:33; Jó 20:16; Salmo 58:4; 140:3; Lucas 10:19)
  No entanto, a profecia de Isaías predizia que essa terra não ficaria desolada para sempre. Ela voltaria a ser um verdadeiro paraíso. Receberia a “glória do Líbano” e “o esplendor do Carmelo e de Sarom”. Como? Ao retornarem do exílio, os judeus puderam novamente cultivar e irrigar seus campos, e a terra voltou a ser frutífera como antes. O mérito disso cabia apenas a Jeová. Foi por sua vontade e com seu apoio e bênção que os judeus puderam usufruir tais condições paradisíacas. As pessoas podiam ver “a glória de Jeová, o esplendor de [seu] Deus”, ao reconhecerem a mão de Jeová na impressionante transformação de sua terra.
 Contudo, a restauração da terra de Israel cumpriu um aspecto ainda mais importante das palavras de Isaías. Em sentido espiritual, Israel estivera por muitos anos num estado ressequido, desértico. Enquanto os exilados estavam em Babilônia, a adoração pura havia ficado severamente restrita. Não havia templo, altar, nem sacerdócio organizado. Os sacrifícios diários haviam sido suspensos. Mas Isaías profetizava que a situação seria revertida. Liderados por homens como Zorobabel, Esdras e Neemias, representantes das 12 tribos de Israel retornariam a Jerusalém, reconstruiriam o templo e adorariam a Jeová livremente. (Esdras 2:1, 2) Isso seria um verdadeiro paraíso espiritual!
  É óbvio que o cumprimento do capítulo 35 de Isaías, no sexto século AEC, foi limitado. As condições paradisíacas usufruídas pelos judeus repatriados não foram permanentes. Com o tempo, a adoração pura foi contaminada por ensinos religiosos falsos e pelo nacionalismo. Em sentido espiritual, os judeus passaram novamente a sentir pesar e a suspirar. Com o tempo, Jeová os rejeitou como seu povo. (Mateus 21:43) Por reincidirem na desobediência, sua alegria não foi permanente. Tudo isso indica que o capítulo 35 de Isaías teria um cumprimento maior no futuro.

 Que dizer do capítulo 35 da profecia de Isaías, com sua ênfase na alegria? Isto também se cumpriu em nosso tempo. De que forma? Cumpriu-se no restabelecimento do Israel espiritual saindo dum tipo de cativeiro. Examinemos os fatos do que realmente é recente história teocrática, ocorridos no tempo de muitos dos que ainda vivem.
Durante um período relativamente curto, na época da Primeira Guerra Mundial, os do restante do Israel espiritual não se mantiveram inteiramente puros e enquadrados na vontade de Deus. Alguns deles estavam manchados com erros doutrinais e transigiram por não adotarem uma posição clara a favor de Jeová quando sofreram pressões para apoiar as nações em guerra. Durante aqueles anos de guerra, sofreram todos os tipos de perseguição, em muitos lugares proscrevendo-se até mesmo suas publicações bíblicas. Por fim, alguns dos irmãos de mais destaque foram condenados e encarcerados sob acusações falsas. Em retrospecto, não é difícil ver que os do povo de Deus, em certo sentido, em vez de estarem livres, estavam numa condição cativa. (Note João 8:31, 32.) Tinham uma grave falta de visão espiritual. (Efésios 1:16-18) Ficaram relativamente calados quanto a louvar a Deus, o que resultou em serem espiritualmente infrutíferos. (Isaías 32:3, 4; Romanos 14:11; Filipenses 2:11) Nota como isso é paralelo à situação dos judeus antigos em cativeiro na Babilônia?
Mas, deixaria Deus seus servos hodiernos continuar nesta situação? Não; ele estava decidido a restabelecê-los, em harmonia com o que se predisse por meio de Isaías. De modo que esta mesmíssima profecia, no capítulo 35, tem um nítido cumprimento no nosso tempo, com o restabelecimento da prosperidade e saúde do restante do Israel espiritual num paraíso espiritual. Em Hebreus 12:12, Paulo aplicou Isaías 35:3 em sentido figurado, confirmando a validade de fazermos uma aplicação espiritual desta parte da profecia de Isaías.
No mundo do após-guerra, os ungidos remanescentes do Israel espiritual como que saíram do cativeiro. Jeová Deus usou a Jesus Cristo, o Ciro Maior, para libertá-los. Portanto, os do restante puderam fazer uma obra de reconstrução, comparável à obra do restante dos judeus antigos, que voltaram à sua terra para reconstruir o templo literal em Jerusalém. Além disso, esses israelitas espirituais, nos tempos modernos, puderam passar a cultivar e a produzir um verdejante paraíso espiritual, um figurativo jardim do Éden.
(Restabelicimento p.14 pars 5-8)
                     
          Contudo, esta e outras profecias de restauração incluem aspectos que terão também um cumprimento físico na terra paradísica. Há aspectos, por exemplo, em Isaías 35:1-7, como a cura dos cegos, dos surdos e dos coxos, que não tiveram cumprimento literal na restauração com relação à saída da antiga Babilônia; tampouco se cumprem literalmente hoje no paraíso espiritual restaurado.
        É de interesse que escritores inspirados das Escrituras Gregas Cristãs aplicaram aspectos dessas profecias de restauração a “nova terra”, embora seu principal cumprimento hoje seja no paraíso espiritual. Por exemplo, o profeta Isaías falou de futuras bênçãos nos “novos céus e uma nova terra”. (Isaías 65:17-25) Mais tarde, o apóstolo Pedro descreveu a vinda do dia de Jeová, no qual os atuais “céus” e “terra” serão dissolvidos, e acrescentou: “Mas há novos céus e uma nova terra que aguardamos segundo a promessa dele, e nesses morará a justiça.” (2 Pedro 3:10-13) Assim, Pedro indicou que os aspectos na profecia de Isaías se tornarão realidade na “nova terra”. Verdadeira felicidade, vida longa, lares seguros, alimento abundante, trabalho satisfatório, paz entre homens e animais — todas essas bênçãos estão garantidas ‘segundo a promessa de Deus’.
            Ademais, ao falar do ‘banquete para todos os povos’, Isaías 25:6-8 inclui a declaração: “E o Soberano Senhor Jeová enxugará as lágrimas de todo rosto”. Embora o cumprimento principal seja no paraíso espiritual (do qual a “grande multidão” participa), o apóstolo João mostra que este aspecto da profecia de Isaías tem também um definido cumprimento com relação à humanidade na “nova terra”. (Apocalipse 7:9, 16, 17; 21:1-4) Daí, será recriado um Paraíso global segundo o padrão do Paraíso do Éden. — Gênesis 2:8; Mateus 19:28.

6 comentários:

  1. Mais um excelente artigo ! Além do mais a Terra foi criada com o objetivo de ser terena ! - Salmo 148;3-6 / Eclesiastes 1;4 ; Gênesis 8;21 ; Salmo 115;16 ! Apocalipse 5;9,10 !

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  2. Olá! Obrigado pelo artigo. Tenho uma pergunta. No artigo afirma:
    "Há aspectos, por exemplo, em Isaías 35:1-7, como a cura dos cegos, dos surdos e dos coxos, que não tiveram cumprimento literal na restauração com relação à saída da antiga Babilônia"
    Porém, como no caso dos elementos da natureza se alegrarem figurativamente, não podemos aplicar a mesma ideia a abertura dos olhos e ouvidos figurativamente? Por exemplo, ao retornar de babilônia muitos servos de Jeová que estavam inativos devido ao cativeiro em Babilônia puderam então servi-lo, abrindo-se os seus olhos e ouvidos espirituais.

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    1. Claro que sim. Isaías 29:18 diz: "Naquele dia, os surdos ouvirão as palavras do livro; E, livres das trevas e da escuridão, os olhos dos cegos verão." O ponto em questão no artigo é:algumas profecias tiveram um cumprimento literal, outras foram espirituais que por ventura se tornarão literais no futuro, assim como os homens inspirados por Deus predisseram sobre as condições do novo mundo, fazendo referências aos escritos dos profetas.

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  3. Legal, era isso que estava pensando também. Realmente essa é a nossa esperança! Ver enfim o cumprimento literal dessas profecias, assim como quando ocorreu quando Jesus e seus apóstolos estevam na terra, mostrando que curas físicas são possíveis. Realmente isso nos enche de esperança!

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    1. Maílson, fique à vontade para perguntar ou opinar no blog.

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