Perguntas respondidas
As
Testemunhas de Jeová falam de umas profecias que irão se cumprir no futuro, no
novo mundo, mas se formos olhar o contexto, percebemos que essas profecias
tiveram um cumprimento no passado. Além disso, tem a possibilidade de que essas
passagens bíblicas sejam no sentido espiritual e não literal. Podemos citar
como exemplo disso uma publicação das próprias testemunhas de Jeová: “Restabelecimento”,
no capítulo 16 p. 245 par. 24 a 26. Nesses parágrafos citam Isaías 55:12,13
onde fala que a “natureza” faria algo, por exemplo: “os morros e os montes
ficarão animados” e “as árvores do campo baterão palmas”. Logo, as Testemunhas
de Jeová associam essas passagens a 1919, algo que vivenciaram como perseguição
e depois uma grande liberdade espiritual da cristandade. Afinal, essas
passagens têm cumprimento no passado, no futuro ou é espiritual?
Algumas pessoas usam argumentos similares aos
descritos acima para mostrar que, por exemplo, a “Terra” que as Testemunhas de
Jeová falam no Salmo 37:29 não é o paraíso, e sim, uma terra prometida
(passado), promessa feita aos israelitas, ou então que a paz que é descrita em
Isaías 2:4, onde diz “Nação não levantará espada contra nação, nem aprenderão
mais a guerra”, não pode ser utilizado como indicação de que os verdadeiros
cristãos não participam em guerras, – uma vez que a cristandade está envolvida
nisso, ela não faria parte dessa profecia – pois tal cumprimento se daria de
modo espiritual ou mesmo na “nova terra” (futuro). Estes e outros textos são
exemplos de que muitas pessoas, especialmente as religiosas, usam textos
bíblicos de profecias empregando-os tanto no passado, no futuro e também de
modo espiritual. No entanto, acusam as Testemunhas de Jeová de usarem textos
bíblicos fora do contexto para apoiarem suas crenças. Mas deixemos que a Bíblia
fale por si só, analisemos alguns exemplos.
A parte da profecia de Isaías,
registrada no capítulo 35, descreve a transformação de regiões desérticas
em parques ajardinados e campos frutíferos. Os cegos ganham visão, os mudos
conseguem falar e os surdos ouvir. Nesse prometido Paraíso não há pesar nem
lamento, o que dá a entender que nem mesmo a morte existirá. Como devemos
entender essas palavras? Será que dão esperança para nós hoje?
Isaías
35:1, 2 diz:
“O
deserto e a terra árida se alegrarão, planície desértica exultará e produzirá
flores assim como o açafrão, ela sem falta produzirá flores, exultará e
gritará de alegria, a glória do Líbano lhe será dada, também o esplendor do
Carmelo e de Sarom, as pessoas verão a glória de Jeová, o esplendor
do nosso Deus.”
Nos tempos bíblicos, o Líbano, o Carmelo e
Sarom eram famosos pela sua verdejante beleza. (1 Crônicas 5:16; 27:29;
2 Crônicas 26:10; Cântico de Salomão 2:1; 4:15; Oséias 14:5-7) Isaías
aproveitou esses exemplos para descrever como seria aquela terra transformada
com a ajuda de Deus. Mas será que isso se daria apenas de modo literal? Não.
Isaías 35:2 diz que aquela terra ‘exultaria e
gritaria de alegria’. Sabemos que o solo e as plantas não estavam literalmente
‘exultando e gritando com alegria’. Mas a sua transformação, de se tornarem
férteis e produtivos, podia fazer com que as pessoas se sentissem assim.
(Levítico 23:37-40; Deuteronômio 16:15; Salmo 126:5, 6; Isaías 16:10;
Jeremias 25:30; 48:33) As mudanças literais naquela terra corresponderiam às mudanças
nas pessoas, porque estas são enfocadas por essa profecia. Por isso, temos
motivos de entender as palavras de Isaías como enfocando primariamente as
mudanças nos judeus que retornaram, em especial a sua alegria.
Isa. 35 versículos 3 e 4 diz:
“Fortaleçam
as mãos fracas, e firmem os joelhos que estão tremendo. Digam aos de coração
ansioso: ‘Sejam fortes. Não tenham medo. Vejam! Seu Deus virá com vingança, Deus
virá com retribuição. Ele virá e os salvará.’”
O profeta hebreu, Isaías, escreveu-a por
volta de 732 AEC. Isto foi décadas antes de os exércitos babilônicos
destruírem Jerusalém. Conforme indica Isaías 34:1, 2, Deus predissera que
iria vingar-se das nações, tais como Edom, mencionado em Isaías 34:6.
Evidentemente, ele usou os antigos babilônios para isso. De modo similar, Deus
fez com que os babilônios desolassem Judá, porque os judeus eram infiéis. Com
que resultado? O povo de Deus foi levado cativo e sua pátria ficou
desolada por 70 anos. — 2 Crônicas 36:15-21. A profecia no
capítulo 35 de Isaías teve seu primeiro cumprimento quando os judeus
retornaram à sua pátria em 537 AEC.
A situação certamente não parecia nada
promissora para os judeus mesmo quando souberam que poderiam retornar à sua
pátria. A terra deles tinha ficado desolada por sete décadas, por toda uma
vida. O que tinha acontecido àquela terra? Todo campo cultivado, os
vinhedos e os pomares, devem ter ficado um matagal. Os jardins ou terrenos
irrigados devem ter-se tornado terra agreste ou desértica. (Isaías 24:1, 4;
33:9; Ezequiel 6:14) Imagine também quantos animais selváticos haveria ali.
Estes incluiriam carnívoros tais como leões e leopardos. (1 Reis 13:24-28;
2 Reis 17:25, 26; Cântico de Salomão 4:8) Tampouco poderiam
desperceber os ursos, que podiam abater homem, mulher e criança. (1 Samuel
17:34-37; 2 Reis 2:24; Provérbios 17:12) E nem precisamos mencionar
as víboras e outras serpentes venenosas, nem os escorpiões. (Gênesis 49:17;
Deuteronômio 32:33; Jó 20:16; Salmo 58:4; 140:3; Lucas 10:19)
No
entanto, a profecia de Isaías predizia que essa terra não ficaria desolada para
sempre. Ela voltaria a ser um verdadeiro paraíso. Receberia a “glória do
Líbano” e “o esplendor do Carmelo e de Sarom”. Como? Ao retornarem do exílio,
os judeus puderam novamente cultivar e irrigar seus campos, e a terra voltou a
ser frutífera como antes. O mérito disso cabia apenas a Jeová. Foi por sua
vontade e com seu apoio e bênção que os judeus puderam usufruir tais condições
paradisíacas. As pessoas podiam ver “a glória de Jeová, o esplendor de [seu]
Deus”, ao reconhecerem a mão de Jeová na impressionante transformação de sua
terra.
Contudo, a restauração da terra de Israel
cumpriu um aspecto ainda mais importante das palavras de Isaías. Em sentido
espiritual, Israel estivera por muitos anos num estado ressequido, desértico.
Enquanto os exilados estavam em Babilônia, a adoração pura havia ficado
severamente restrita. Não havia templo, altar, nem sacerdócio organizado.
Os sacrifícios diários haviam sido suspensos. Mas Isaías profetizava que a
situação seria revertida. Liderados por homens como Zorobabel, Esdras e
Neemias, representantes das 12 tribos de Israel retornariam a Jerusalém,
reconstruiriam o templo e adorariam a Jeová livremente. (Esdras 2:1, 2)
Isso seria um verdadeiro paraíso espiritual!
É óbvio que o cumprimento do capítulo 35
de Isaías, no sexto século AEC, foi limitado. As condições paradisíacas
usufruídas pelos judeus repatriados não foram permanentes. Com o tempo, a
adoração pura foi contaminada por ensinos religiosos falsos e pelo
nacionalismo. Em sentido espiritual, os judeus passaram novamente a sentir
pesar e a suspirar. Com o tempo, Jeová os rejeitou como seu povo. (Mateus
21:43) Por reincidirem na desobediência, sua alegria não foi permanente. Tudo
isso indica que o capítulo 35 de Isaías teria um cumprimento maior no futuro.
Que
dizer do capítulo 35 da profecia de Isaías, com sua ênfase na alegria?
Isto também se cumpriu em nosso tempo. De que forma? Cumpriu-se no
restabelecimento do Israel espiritual saindo dum tipo de cativeiro. Examinemos
os fatos do que realmente é recente história teocrática, ocorridos no tempo de
muitos dos que ainda vivem.
Durante
um período relativamente curto, na época da Primeira Guerra Mundial, os do
restante do Israel espiritual não se mantiveram inteiramente puros e
enquadrados na vontade de Deus. Alguns deles estavam manchados com erros
doutrinais e transigiram por não adotarem uma posição clara a favor de Jeová
quando sofreram pressões para apoiar as nações em guerra. Durante aqueles anos
de guerra, sofreram todos os tipos de perseguição, em muitos lugares
proscrevendo-se até mesmo suas publicações bíblicas. Por fim, alguns dos irmãos
de mais destaque foram condenados e encarcerados sob acusações falsas. Em
retrospecto, não é difícil ver que os do povo de Deus, em certo sentido, em vez
de estarem livres, estavam numa condição cativa. (Note João 8:31, 32.)
Tinham uma grave falta de visão espiritual. (Efésios 1:16-18) Ficaram
relativamente calados quanto a louvar a Deus, o que resultou em serem
espiritualmente infrutíferos. (Isaías 32:3, 4; Romanos 14:11; Filipenses
2:11) Nota como isso é paralelo à situação dos judeus antigos em cativeiro na
Babilônia?
Mas,
deixaria Deus seus servos hodiernos continuar nesta situação? Não; ele estava
decidido a restabelecê-los, em harmonia com o que se predisse por meio de
Isaías. De modo que esta mesmíssima profecia, no capítulo 35, tem um
nítido cumprimento no nosso tempo, com o restabelecimento da prosperidade e
saúde do restante do Israel espiritual num paraíso espiritual. Em Hebreus
12:12, Paulo aplicou Isaías 35:3 em sentido figurado, confirmando a validade de
fazermos uma aplicação espiritual desta parte da profecia de Isaías.
No
mundo do após-guerra, os ungidos remanescentes do Israel espiritual como que
saíram do cativeiro. Jeová Deus usou a Jesus Cristo, o Ciro Maior, para
libertá-los. Portanto, os do restante puderam fazer uma obra de reconstrução,
comparável à obra do restante dos judeus antigos, que voltaram à sua terra para
reconstruir o templo literal em Jerusalém. Além disso, esses israelitas
espirituais, nos tempos modernos, puderam passar a cultivar e a produzir um
verdejante paraíso espiritual, um figurativo jardim do Éden.
(Restabelicimento p.14 pars 5-8)
Contudo, esta e outras
profecias de restauração incluem aspectos que terão também um cumprimento
físico na terra paradísica. Há aspectos, por exemplo, em Isaías 35:1-7, como a
cura dos cegos, dos surdos e dos coxos, que não tiveram cumprimento literal na
restauração com relação à saída da antiga Babilônia; tampouco se cumprem
literalmente hoje no paraíso espiritual restaurado.
É de interesse que escritores
inspirados das Escrituras Gregas Cristãs aplicaram aspectos dessas profecias de
restauração a “nova terra”, embora seu principal cumprimento hoje seja no
paraíso espiritual. Por exemplo, o profeta Isaías falou de futuras bênçãos nos
“novos céus e uma nova terra”. (Isaías 65:17-25) Mais tarde, o apóstolo Pedro
descreveu a vinda do dia de Jeová, no qual os atuais “céus” e “terra” serão
dissolvidos, e acrescentou: “Mas há novos
céus e uma nova terra que aguardamos segundo a promessa dele, e nesses morará a
justiça.” (2 Pedro 3:10-13) Assim, Pedro indicou que os aspectos na
profecia de Isaías se tornarão realidade na “nova terra”. Verdadeira
felicidade, vida longa, lares seguros, alimento abundante, trabalho
satisfatório, paz entre homens e animais — todas essas bênçãos estão garantidas
‘segundo a promessa de Deus’.
Ademais, ao falar do ‘banquete
para todos os povos’, Isaías 25:6-8 inclui a declaração: “E o Soberano Senhor Jeová enxugará as lágrimas de todo rosto”.
Embora o cumprimento principal seja no paraíso espiritual (do qual a “grande
multidão” participa), o apóstolo João mostra que este aspecto da profecia de
Isaías tem também um definido cumprimento com relação à humanidade na “nova
terra”. (Apocalipse 7:9, 16, 17; 21:1-4) Daí, será recriado um Paraíso
global segundo o padrão do Paraíso do Éden. — Gênesis 2:8; Mateus 19:28.
Mais um excelente artigo ! Além do mais a Terra foi criada com o objetivo de ser terena ! - Salmo 148;3-6 / Eclesiastes 1;4 ; Gênesis 8;21 ; Salmo 115;16 ! Apocalipse 5;9,10 !
ResponderExcluirÓtimo artigo d.
ResponderExcluirOlá! Obrigado pelo artigo. Tenho uma pergunta. No artigo afirma:
ResponderExcluir"Há aspectos, por exemplo, em Isaías 35:1-7, como a cura dos cegos, dos surdos e dos coxos, que não tiveram cumprimento literal na restauração com relação à saída da antiga Babilônia"
Porém, como no caso dos elementos da natureza se alegrarem figurativamente, não podemos aplicar a mesma ideia a abertura dos olhos e ouvidos figurativamente? Por exemplo, ao retornar de babilônia muitos servos de Jeová que estavam inativos devido ao cativeiro em Babilônia puderam então servi-lo, abrindo-se os seus olhos e ouvidos espirituais.
Claro que sim. Isaías 29:18 diz: "Naquele dia, os surdos ouvirão as palavras do livro; E, livres das trevas e da escuridão, os olhos dos cegos verão." O ponto em questão no artigo é:algumas profecias tiveram um cumprimento literal, outras foram espirituais que por ventura se tornarão literais no futuro, assim como os homens inspirados por Deus predisseram sobre as condições do novo mundo, fazendo referências aos escritos dos profetas.
ExcluirLegal, era isso que estava pensando também. Realmente essa é a nossa esperança! Ver enfim o cumprimento literal dessas profecias, assim como quando ocorreu quando Jesus e seus apóstolos estevam na terra, mostrando que curas físicas são possíveis. Realmente isso nos enche de esperança!
ResponderExcluirMaílson, fique à vontade para perguntar ou opinar no blog.
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