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domingo, 24 de agosto de 2014

As Testemunhas de Jeová afirmaram que o “fim do mundo” viria em 1975?

As Testemunhas de Jeová afirmaram que o “fim do mundo” viria em 1975?

Diversos membros das religiões da cristandade têm afirmado que as Testemunhas de Jeová marcaram o ano de 1975 como sendo a data do “fim do mundo”. Eles citam várias de nossas publicações com o intuito de tentar provar isso. Portanto, neste artigo, examinaremos tais publicações para ver o que elas realmente dizem. Para melhor entendimento do leitor, os trechos dessas publicações que dizem respeito ao assunto em pauta foram colocados em negrito, e às vezes em negrito e maiúsculo. Após isso, para esclarecimento adicional, há um comentário feito após cada citação.

Estabelecendo o fundo histórico

     Em 1966, as Testemunhas de Jeová lançaram o livro Vida Eterna — na Liberdade dos Filhos de Deus, que trazia uma cronologia detalhada baseada na Bíblia, que estabeleceu 1975 como o ano que marcaria 6.000 anos da existência humana a partir da criação de Adão. Esse compêndio foi lançado numa série de congressos em 1966. No congresso de Baltimore, EUA, uma das Testemunhas de Jeová que compunham a direção da obra mundial – Frederick W. Franz – fez o discurso concludente, no qual teceu comentários concernente ao ano de 1975.

     Na época, as Testemunhas de Jeová entendiam o figurativo “dia” de “descanso” de Deus com sendo um período de 7.000 anos, e os últimos mil anos desse período de sete milênios como sendo o Reinado Milenar de Cristo, que restaurará as condições paradisíacas na Terra. (Gên. 2:1-3; He 4:3, 6, 10; Rev. 20:4-6)[1] Vale ressaltar que sabiam, pela Bíblia, que esse período de 7.000 anos não começou imediatamente após a criação de Adão, mas após a criação de Eva. A Bíblia não menciona o intervalo de tempo entre a criação de Adão e a criação de Eva. Ambas as criações poderiam ter ocorrido no mesmo ano, mas não necessariamente.

     Tendo esse conceito realista das limitações da cronologia bíblica, o irmão Franz declarou em seu discurso sobre a cronologia que aponta para 1975:

“‘O que isso significa? Será que significa que o dia de descanso de Deus começou em 4026 A.E.C. [quando Adão foi criado]? É possível que tenha começado. …

“‘O que dizer do ano de 1975? O que irá significar, caros amigos?’ – perguntou o irmão Franz. ‘Será que significa que o Armagedom estará terminado, com Satanás preso, por volta de 1975? É possível. É possível. Todas as coisas são possíveis para Deus. Será que significa que Babilônia, a Grande, terá sido derrubada por volta de 1975? É possível. Será que significa que o ataque de Gogue de Magogue será lançado contra as testemunhas de Jeová, para eliminá-las, daí o próprio Gogue sendo posto fora de ação? É POSSÍVEL. MAS, NÃO ESTAMOS AFIRMANDO. Todas as coisas são possíveis para Deus. MAS, NÃO ESTAMOS AFIRMANDO. E que nenhum dos irmãos seja específico em dizer algo que irá acontecer daqui até 1975.’”. – A Sentinela de 15 de fevereiro de 1967, p. 127.

     A revista acima não costuma ser citada pelos opositores das Testemunhas de Jeová. Contudo, ela faz parte de um conjunto de evidências que estabelece a verdade sobre o que as Testemunhas de Jeová realmente afirmaram sobre o ano de 1975. Como tornado claro no lançamento do livro Vida Eterna — na Liberdade dos Filhos de Deus, o ano de 1975 foi apresentado como sendo apontado pela cronologia bíblica como data histórica, que marcaria 6.000 anos da história humana a contar do ano da criação de Adão. Exatamente isso é o que foi descrito no referido livro, conforme exemplificado abaixo:

 “Desde o tempo de Ussher,[2] fizeram-se estudos intensivos da cronologia bíblica. Neste século vinte, realizou-se um estudo independente que não acompanha cegamente certos cálculos cronológicos tradicionais da cristandade, e a tabela de tempo publicada, resultante deste estudo independente, fornece a data da criação do homem como sendo 4026 A.E.C.* Segundo esta cronologia bíblica fidedigna, os seis mil anos desde a criação do homem terminarão em 1975 e o sétimo período de mil anos da história humana começará no outono (segundo o hemisfério setentrional) do ano 1975 E.C.” – Vida Eterna na Liberdade dos Filhos de Deus, 1966, p. 27.

     Note que essa publicação ressaltou 1975 como data histórica, e não profética. Afirmou que essa data marcaria o fim – não do mundo – mas de 6.000 anos da história da existência do homem, e o começo – não do Reinado Milenar de Cristo – mas do “sétimo período de mil anos da história humana”. Infelizmente, alguns veem nos textos de nossas publicações algo bem diferente do que elas realmente afirmaram, devido a terem um conceito predeterminado recebido de outros.

“Assim, seis mil anos da existência do homem na terra acabarão em breve, sim, dentro desta geração. Jeová Deus não tem limite de tempo, conforme está escrito no Salmo 90:1, 2: ‘Ó Jeová, tu mesmo mostraste ser uma verdadeira habitação para nós durante geração após geração. Antes de nascerem os próprios montes ou de teres passado a produzir como que com dores de parto a terra e o solo produtivo, sim, de tempo indefinido a tempo indefinido, tu és Deus.’ Portanto, do ponto de vista de Jeová Deus, a passagem destes seis mil anos da existência humana são apenas como que seis dias de vinte e quatro horas, pois este mesmo salmo (versículos 3 e 4) prossegue, dizendo: “Fazes o homem mortal voltar à matéria quebrantada e dizes: ‘Retornai, filhos dos homens.’ Pois mil anos aos teus olhos são apenas como o ontem que passou e como uma vigília durante a noite.” Assim, dentro de poucos anos em nossa própria geração atingiremos o que Jeová Deus poderia considerar como o sétimo dia da existência do homem.” – Vida Eterna na Liberdade dos Filhos de Deus, 1966, p. 29.

     Novamente, observamos a mesma linha de raciocínio: a publicação acima afirmou que 1975 marcaria historicamente a entrada no “sétimo dia [de mil anos] da existência do homem”.

     Coerentemente, as publicações dos anos subsequentes mantiveram o mesmo teor. Observe-as abaixo:

“Será que o dia de descanso de Deus equivale ao tempo em que o Homem tem estado na terra desde a sua criação? Aparentemente, sim. Das mais fiáveis investigações em cronologia Bíblica harmonizadas com muitas datas aceites da história secular, descobrimos que Adão foi criado no outono do ano 4026 A.E.C. Algures [em alguma parte] nesse mesmo ano Eva podia muito bem ter sido criada, começando o dia de descanso de Deus imediatamente a seguir. Em que ano terminariam, então, os primeiros 6.000 anos da existência do homem e também os primeiros 6.000 anos do dia de descanso de Deus? No ano 1975. Isto é digno de nota, particularmente em vista do fato de os “últimos dias” terem começado em 1914, e de os fatos físicos dos nossos dias em cumprimento da profecia marcarem esta como sendo a última geração deste mundo iníquo. Por isso podemos esperar que o futuro imediato esteja cheio de acontecimentos emocionantes para aqueles que depositam a sua fé em Deus e nas suas promessas. Isto significa que dentro de relativamente poucos anos nós vamos testemunhar o cumprimento das restantes profecias que têm que ver com o “tempo do fim.” – Despertai!, abril de 1967, pp.19-20.

     Diria você sinceramente que as palavras grifadas indicam a afirmação convicta de que o fim viria em 1975? Obviamente que não. A revista acima afirma que “Eva podia” ter sido criada no mesmo ano que Adão, e NÃO que ela definitivamente foi criada em tal ano. Então, partindo desse PRESSUPOSTO, o referido artigo mostrou que, se assim fosse, “os primeiros 6.000 anos do dia de descanso de Deus” “terminariam” em 1975. A alusão que o artigo fez ao contexto histórico entendido pelas Testemunhas de Jeová, de que estamos no “tempo do fim” desde 1914, enfocou a proximidade do fim, mas não determinou nenhuma data específica. De fato, mesmo hoje nossas publicações adotam o mesmo conceito de proximidade do fim, com o objetivo de se manter a vigilância espiritual. – Luc. 21:36; Dan. 12:4.

“Uma coisa é absolutamente certa, a cronologia bíblica reforçada pelo cumprimento das profecias bíblicas mostra que seis mil anos de existência do homem vão acabar em breve, sim, nesta geração! (Mat. 24:34) Este não é, portanto, o tempo para ser indiferente e complacente. Este não é o tempo para se estar a brincar com as palavras de Jesus de que “com respeito àquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus nem o Filho, mas unicamente o Pai.” (Mat. 24:36) Pelo contrário é um tempo em que se deve estar plenamente ciente de que o fim deste sistema de coisas está a chegar rapidamente ao seu fim violento. Não se engane, é suficiente que o próprio Pai saiba o “dia e a hora”!” – A Sentinela, fevereiro de 1969, p.116.

     Novamente, a revista acima estabelece uma relação de proximidade entre o fim dos “seis mil anos de existência do homem” e o “fim deste sistema de coisas”. Isso se dá porque o fim do período de seis milênios da existência humana ocorre historicamente dentro – e bem avançado no tempo – da época que as profecias bíblicas apontam como sendo o “tempo do fim”. (Dan. 12:4) Mas, tal revista NÃO AFIRMA que o fim do período de 6.000 anos da história humana COINCIDIRIA com o fim do sistema mundial de coisas.

“Mas o que dizer da atualidade? Atualmente, temos a evidência exigida, toda ela. E é sobrepujante! Todas as muitas partes do grande sinal dos últimos dias estão presentes, junto com a comprovante cronologia bíblica. … Isto deixaria apenas seis anos mais a contar do outono setentrional de 1969 para completar os 6 mil anos plenos da história humana. Este período de seis anos evidentemente terminará no outono setentrional do ano de 1975.” – Despertai! de 22 de abril de 1969, p.23.

     Como já mostrado claramente neste artigo, a revista acima aponta para uma data que cumpre um evento histórico – a marca de seis milênios de historia da existência humana – marcado pela cronologia bíblica. Mas não diz que essa data histórica marcaria o “fim do mundo”.

“Nossa preocupação principal, agora, deve ser com o presente e o futuro. Precisamos manter o proceder de fidelidade que impeça quaisquer possíveis arrependimentos no futuro. Assim como olhamos para trás, para os últimos cinco anos, olhemos agora para a frente, para cinco anos no futuro. Será então 1975. …

“Jeová nos deu informações suficientes para que possamos saber definitivamente qual a tendência dos eventos futuros. A sua Palavra revela que, sem dúvida, nos aproximamos rapidamente do fim deste inteiro sistema iníquo de coisas. (Mat. 24:3-14; 2 Tim. 3:1-5; 1 João 2:17) O intenso ódio e a violência se tornarão ainda mais ardentes. O desrespeito pela lei se tornará pior. Prevalecerá antagonismo contra tudo o que for religioso. Este espírito se tornará tão forte, que por fim resultará na destruição de todo o império da religião falsa, Babilônia, a Grande. — Rev. 18:1-8.

“Portanto, quando em breve chegar o fim deste sistema de coisas, qual será a nossa maior necessidade, o nosso bem mais valioso? Não será nosso dinheiro, nem os bens materiais. Não serão quaisquer elementos amistosos do mundo. Não, mas o nosso bem mais valioso e a nossa maior necessidade será a fé inabalável em nosso Deus, Jeová.

“Precisamos ter a absoluta certeza, no coração e na mente, de que Jeová realmente vive e de que tudo o que a Bíblia diz a Seu respeito é veraz.” – A Sentinela, 1.º de maio de 1970, pp. 285-286.

     Note que, quando a revista acima mencionou a proximidade do fim, não relacionou isso com uma data específica, mas sim com textos bíblicos que mostram que estamos no tempo do fim: Mateus 24:3-14 e 2 Timóteo 3:1-5. Quem ler esses textos, analisando-os com eventos históricos marcantes num único período e a nível mundial, verá que o século vinte mostrou-se diferente de todos os séculos precedentes: duas guerras mundiais, a gripe espanhola, maior incidência de terremotos, bem como a pregação mundial do Evangelho. Todos esses e outros acontecimentos tornam claro, como mostrou a referida revista, que “nos aproximamos rapidamente do fim deste inteiro sistema iníquo de coisas”.

“Todos gostariam de saber por quanto tempo o sistema atual ainda há de continuar e quando se há de realizar o propósito de Deus na terra do mesmo modo pleno como no céu. Jesus respondeu que ‘estas boas novas do reino serão pregadas em toda a terra habitada . . . e então virá o fim’. Aqui, no texto grego da Bíblia, ele usou a palavra telos ou ‘fim’ para distinguir o que queria dizer com syntéleia ou ‘terminação’ do sistema de coisas, o período de colheita em que vivemos agora. (Compare isso com Mateus 24:3, 6, Diaglott.) NÃO SE PODE PREDIZER EXATAMENTE QUÃO PERTOS ESTAMOS DO FIM DO ATUAL SISTEMA DIVISÓRIO DE COISAS, visto que Jesus disse que nem mesmo ele sabia o dia ou a hora disso, no tempo de seu ministério terrestre. (Mat. 24:36) Entretanto, a cronologia bíblica, que indica que Adão foi criado no outono (hem. set.) do ano 4026 A. E. C., nos levaria até o ano de 1975 E. C. como data que assinalaria 6.000 anos da história humana, com mais 1.000 anos futuros da regência do Reino por Cristo. Portanto, QUALQUER QUE SEJA A DATA DO FIM DESTE SISTEMA, torna-se claro que o tempo que resta é reduzido, sobrando aproximadamente menos de seis anos até o fim de seis mil anos da história humana.” – A Sentinela de 1.º de novembro de 1970, p. 657, parágrafo 5.

     É impressionante que a revista acima tenha sido citada como “prova” de que as Testemunhas de Jeová prognosticaram o “fim do mundo” para 1975! A revista acima depõe justamente CONTRA a afirmação de que as Testemunhas de Jeová estabeleceram o ano de 1975 para o “fim do mundo”. Pois, se assim tivessem feito, não afirmariam que “NÃO SE PODE PREDIZER EXATAMENTE QUÃO PERTOS ESTAMOS DO FIM” do sistema de coisas, nem usariam expressões tais como “QUALQUER QUE SEJA A DATA DO FIM DESTE SISTEMA”. O texto em negrito e em maiúsculo é extremamente claro em mostrar que as Testemunhas de Jeová reconheciam não saber a data do fim – nem o ano. Coerente com as publicações anteriores, os editores apresentaram 1975 como data de um período histórico.

“Na tarde de domingo, 26 de julho de 1931, num congresso internacional da A. I. E. B., em Columbus, Ohio, E. U. A., adotou-se de coração a Resolução a favor da adoção do Novo Nome, testemunhas de Jeová. … E agora, neste ano crítico de 1975, pode-se perguntar: Será que o Deus Altíssimo da profecia fez para si um nome? A resposta é óbvia: Sim! Por meio de quem? Não pela cristandade, nem pelo judaísmo, mas pelas testemunhas cristãs de Jeová!” – A Sentinela de 15 de março de 1975, pp. 188-9, parágrafo 29.

     Esse artigo mencionou 1975, não como data do “fim do mundo”, mas como o ano em que estavam na época, do qual podiam olhar para trás e recapitular o valor e o respeito que deram ao Nome divino, Jeová.

“Só a partir do fim do ano de 1928 abriu-se ao entendimento espiritual do restante ungido do ‘Israel de Deus’ a perspectiva de sobreviver à ‘guerra do grande dia de Deus, o Todo-poderoso’, no Har-Magedon, e entrar aqui na terra na nova ordem justa de Jeová. (Veja The Watch Tower, de 15 de dezembro de 1928, página 376, parágrafos 35, 36.) E agora, no ano de 1975, alguns milhares dos do restante ungido, ainda vivos nesta terra, aguardam o cumprimento desta perspectiva alegre. A crescente ‘grande multidão’ de seus companheiros semelhantes a ovelhas aguarda com eles entrar na Nova Ordem sem interrupção de vida. Na Nova Ordem, Jeová Deus aumentará a ‘longura de dias’ do restante ungido na terra ao ponto de fartar os membros dele. Resta a ver se serão ainda retidos aqui na terra para ver o começo da ressurreição dos mortos terrestres e para conhecer testemunhas fiéis dos tempos antigos, pré-cristãos. Gostariam disso, antes de serem tirados do cenário terrestre para a recompensa celestial junto a Cristo.” – A Sentinela de 15 de março de 1975, pp. 188-9, parágrafo 36.

     A “perspectiva alegre” a que se refere essa publicação não era ver o fim em 1975, e sim a possibilidade de os cristãos com esperança celestial poderem permanecer na Terra por um tempo após o fim do sistema. Que isso, naturalmente, foi apresentado como possibilidade pode ser visto na frase “resta a ver se serão ainda retidos aqui na terra”. A menção de 1975 se deve a que estavam naquele ano.

“Receberam-se notícias a respeito de irmãos que venderam sua casa e propriedade e que planejam passar o resto dos seus dias neste velho sistema de coisas empenhados no serviço de pioneiro. Este é certamente, um modo excelente de passar o pouco tempo que resta antes de findar o mundo iníquo.” – Nosso Ministério do Reino, julho de 1974, pp. 3-4.

     Os que conhecem as publicações das Testemunhas de Jeová sabem que o incentivo e o elogio a se dedicar mais tempo, recursos e energias à obra de evangelização, em vista da relevância dessa obra e da urgência de nosso tempo, tem sido comum ano após ano. Associar a necessidade de abnegação com a proximidade do fim é uma constante nas publicações das Testemunhas.

     Veja, por exemplo, as seguintes declarações:

“Temos de considerar com oração como e até que ponto podemos simplificar a vida. … O tempo se esgotou para o mundo nos dias de Noé, e se esgotará para o atual sistema de coisas.” — A Sentinela de 15 de dezembro de 2003, p. 24, parágrafos 19-20.

“Muitos irmãos deixaram suas casas para simplificar a vida, e nos alegra ouvir seus relatos sobre como Jeová cuida deles e como seu serviço a ele lhes dá felicidade. (Atos 20:35) Além disso, todos os servos batizados de Jeová podem ter a bênção de ‘buscar primeiro o Reino e a justiça de Deus’ como parte de uma fraternidade cristã global. — Mat. 6:33.” – A Sentinela de 15 de fevereiro de 2010, p. 26, parágrafo 9.
 
     Mas, será que, ao se aproximar o ano 1975, as expectativas das Testemunhas de Jeová não aumentaram a ponto de afirmarem que o fim viria naquele ano? Veja a resposta no último número de A Sentinela de 1974. Sob o tema “Sirva com a eternidade em vista”, e debaixo do subtópico “Não servimos apenas até certa data”, a revista comentou:
“É verdade que a mais exata cronologia bíblica disponível indica que 6.000 anos da existência humana terminarão em meados da década de 1970. De modo que estes cristãos estão intensamente interessados para ver se isto coincidirá com o irrompimento da ‘grande tribulação’ dos nossos dias, a qual eliminará da terra todos os iníquos. Pode coincidir. Mas eles nem mesmo tentam predizer com exatidão quando virá a destruição do sistema iníquo de coisas de Satanás. Estão contentes em esperar e ver, reconhecendo que nenhum homem na terra sabe a data. — Mat. 24:36.

“As testemunhas cristãs de Jeová confiam em que Deus acabe com este sistema ímpio no SEU tempo devido. Quando a ‘grande tribulação’ começar, poderemos reconhecer isso. Portanto, em vez de especular a respeito de certa data, como se servíssemos com certa data por alvo, podemos concentrar-nos na importante obra de pregação que Jesus disse que seus discípulos fariam neste período de tempo. (Mar. 13:10) Assim, quando a ‘tribulação’ irromper, seremos encontrados atarefados e zelosos em cumprir a tarefa que temos. Assim, não fixaremos nossa mira numa data futura, mas serviremos com a eternidade em vista, assim como Judas exorta os cristãos.” — A Sentinela de 15 de dezembro de 1974, pp. 754-5, parágrafos 18-19.

     Por conseguinte, as Testemunhas de Jeová mantiveram coerentemente o que haviam afirmado sobre 1975 desde o princípio: que aquele ano marcaria o fim de “6.000 anos da existência humana”. Em nenhuma de suas publicações afirmaram que tal ano marcaria o fim de 6.000 anos do “descanso” de Deus. (Heb. 4:1-10) Expressões tais como “pode coincidir” e ‘ver SE coincidirá’ exprimem admissão de possibilidade, não afirmação categórica. A fraseologia usada em nossas publicações mostrou que essa data histórica, que marcou o fim de seis mil anos da existência do homem – PODERIA coincidir com o fim de seis mil anos do “descanso” de Deus. Mas, ao mesmo tempo, os editores NÃO AFIRMARAM que isso DE FATO ocorreria.

     Infelizmente, alguns membros da organização, ávidos de que o fim chegasse logo, concluíram que 1975 marcaria mais do que o fim de seis milênios da criação de Adão – que marcaria também o fim dos seis milênios do descanso de Deus, ALGO QUE NÃO FOI AFIRMADO NAS PUBLICAÇÕES das Testemunhas de Jeová. Assim, os que compunham a direção da obra mundial podiam honestamente apontar isso, como mostra a publicação abaixo:

“Caso alguém tenha ficado desapontado, por não seguir este raciocínio, deve agora concentrar-se em reajustar seu ponto de vista, por não ter sido a palavra de Deus que falhou ou o enganou e lhe causou desapontamento, mas, sim, seu próprio entendimento baseado em premissas erradas.” – A Sentinela de 15 de setembro de 1980, p.17.
    
     A mesma revista afirmou: “É impossível calcularmos de antemão quando é o fim do mundo.” (Página 18, parágrafo 8.) Contudo, vale ressaltar que, em suas publicações de anos anteriores, as Testemunhas de Jeová viveram à altura dessa declaração.

     Também, deve-se salientar que os que compunham a direção da obra mundial, ao expressar-se sobre o assunto por meio das publicações, não atribuíram más motivações aos que foram além do que havia sido afirmado por escrito. Observe como isso foi amorosamente colocado, lendo a publicação abaixo:

“As conclusões erradas não aconteceram por intenção maldosa ou infidelidade para com Cristo, mas sim por causa do desejo ardente de ver o cumprimento das promessas de Deus nos seus próprios dias. …

“De fato, pode-se confiar nas promessas de Deus! Os humanos é que estão propensos ao erro. Portanto, os cristãos verdadeiros continuarão numa atitude de espera, em obediência à ordem de Jesus. Eles vão manter-se alertas e prontos para a inevitável vinda de Cristo como Executor de Deus. Não permitirão que falsas predições ofusquem a sua percepção levando-os a desconsiderar o verdadeiro aviso a respeito do fim do mundo.” – Despertai! de 22 de junho de 1995, p. 9.

     Como se pode ver neste estudo imparcial, despojado de preconceitos e de sentimentos anuviadores do raciocínio, nenhuma publicação das Testemunhas de Jeová afirmou que em 1975 viria o “fim do mundo” – o fim do sistema mundial.

[1] Veja o livro Seja Deus Verdadeiro, edição em inglês de 1946 (1949 em português, pp. 153-168), publicado pelas Testemunhas de Jeová, mas atualmente esgotado; também a revista A Sentinela de 1.º de janeiro de 1987, p. 30. Esse conceito não foi declaradamente abandonado. Ocorreu que, em publicações mais recentes, ele deixou de ser mencionado. Assim, a obra Estudo Perspicaz das Escrituras (id.) menciona o “período de descanso do sétimo dia” criativo como tendo “milhares de anos de duração”. – Vol. 1, p. 710; vol. 3, p. 475.
[2] A referência é ao famoso prelado anglicano, irlandês, o Arcebispo James Ussher (1581-1656 E. C.), que estabeleceu uma cronologia da existência humana baseada em seu estudo da Bíblia.

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2 comentários:

  1. O mais triste neste episódio é saber que muitas pessoas venderam propriedades, perderam empregos, interromperam carreiras, acreditando no fim do mundo. E, ainda por cima, a torre declarou: "“…alguns daqueles que têm servido a Deus planejaram sua vida de acordo com um conceito errôneo do que é que deveria acontecer em determinada data ou em certo ano. Por este motivo, eles talvez tenham adiado ou negligenciado coisas de que, de outro modo, teriam cuidado. Mas, eles desperceberam o ponto das advertências bíblicas a respeito do fim deste sistema de coisas, pensando que a cronologia bíblica revelasse uma data específica… Queria Jesus dizer que devemos ajustar nossos assuntos financeiros e seculares de modo que nossos recursos apenas nos levem até certa data, de que talvez achemos que assinala o fim?… Este não é o modo de pensar que Jesus aconselhou.”— A Sentinela, 15 de Janeiro, 1977, pág. 11, 13

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    1. É sabido que no início do século passado as Testemunhas de Jeová tiveram expectativas erradas com certas datas, porém conforme percebemos no artigo acima, as testemunhas de Jeová não mais estipularam alguma data, nem mesmo a data de 1975 como alguns inventam, pelo contrário, incentivam a não estabelecerem nenhuma data, apenas que se mantenham atentas ao tempo do fim. Se alguém quer simplificar a vida, se quer ir para um lugar onde se precisa de ajuda, se quer deixar certas coisas consideradas por muitos como importantes para trás, isso é elogiável. Filipenses 3:8 diz: "...Por causa dele [Cristo] tenho aceito a perda de todas as coisas e as considero como uma porção de refugo..." No entanto, é importante não fixar alguma data, nem deixar de lado as obrigações que cada cristão particularmente tem. A própria revista citada por você Jader, diz: ...Servimos a Jeová Deus porque o amamos, porque confiamos nele e temos plena fé no que ele diz? Ou estamos ‘desfalecendo em fazer o que é excelente’, olhando para certa data principalmente como trazendo alívio para nós mesmos, com pouca preocupação pela vida dos outros. (Gál. 6:9) Apreciamos todas as coisas boas que obtemos da parte de Jeová e da associação com seu povo? Não nos ajudaram as coisas que aprendemos na nossa vida familiar? Não amamos os muitos amigos genuínos que agora obtivemos, em resultado de conhecer a verdade?... Queria Jesus dizer que devemos ajustar nossos assuntos financeiros e seculares de modo que nossos recursos apenas nos levem até certa data, de que talvez achemos que assinala o fim? Se a nossa casa está ficando em sério mau estado, devemos deixar passar isso, na presunção de que apenas precisaremos dela por mais alguns meses? Ou, caso alguém da família talvez precise de cuidados médicos, especiais, devemos dizer: ‘Ora, vamos adiar isso, porque está tão próximo o tempo em que este sistema de coisas desaparecerá’? Este não é o modo de pensar que Jesus aconselhou... Então, o que queriam dizer Jesus e os apóstolos, quando falaram sobre estar atento aos sinais do fim ou a estar “aguardando e tendo bem em mente a presença do dia de Jeová”? Eles queriam dizer que nós podemos ter absoluta confiança em que o dia não virá nenhum instante mais tarde do que Jeová intenciona. Pedro disse que isto nos devia induzir a “atos santos de conduta e . . . ações de devoção piedosa”, atentos a que vivamos segundo princípios bíblicos e que nos atarefemos na proclamação da mensagem do Reino, convencendo pessoas da urgência de se voltarem para Deus. (2 Ped. 3:11, 12) Todos nós podemos melhorar na nossa adoração de Deus, consolidando uma relação mais íntima com ele. Talvez tenhamos feito até agora o melhor que podemos e tenhamos tido melhoras ao prosseguirmos. Será que o fato de que o fim está muito próximo significa, então, que devemos fazer grandes mudanças no nosso modo de viver e de servir a Deus? Não necessariamente. Todavia, pode haver grandes melhoras que tenhamos de fazer biblicamente. Também, se houver, na nossa vida, aspectos em que poderíamos ‘comprar’ tempo dos empenhos vãos deste sistema, deveremos fazer isso. É desta maneira que muitos têm continuado a sentir a alegria do serviço de “pioneiro” por tempo integral, durante muitos anos. Todos nós podemos verificar, para ver o que podemos fazer. — Efé. 5:15, 16. Mas não é aconselhável que fixemos a vista em certa data, negligenciando coisas cotidianas, de que devemos normalmente cuidar, como cristãos, coisas tais como as de que nós e nossa família realmente precisamos. Talvez nos esqueçamos de que, quando o “dia” vier, não mudará o princípio de que os cristãos precisam sempre cuidar de todas as suas responsabilidades.

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