As Testemunhas de Jeová afirmaram que o “fim do mundo” viria em
1975?
Diversos
membros das religiões da cristandade têm afirmado que as Testemunhas de Jeová
marcaram o ano de 1975 como sendo a data do “fim do mundo”. Eles citam várias
de nossas publicações com o intuito de tentar provar isso. Portanto, neste
artigo, examinaremos tais publicações para ver o que elas realmente dizem. Para
melhor entendimento do leitor, os trechos dessas publicações que dizem respeito
ao assunto em pauta foram colocados em negrito, e às vezes em negrito e
maiúsculo. Após isso, para esclarecimento adicional, há um comentário feito
após cada citação.
Estabelecendo
o fundo histórico
Em 1966, as Testemunhas de Jeová lançaram
o livro Vida Eterna — na Liberdade dos Filhos de Deus, que trazia uma
cronologia detalhada baseada na Bíblia, que estabeleceu 1975 como o ano que
marcaria 6.000 anos da existência humana a partir da criação de Adão. Esse
compêndio foi lançado numa série de congressos em 1966. No congresso de
Baltimore, EUA, uma das Testemunhas de Jeová que compunham a direção da obra
mundial – Frederick W. Franz – fez o discurso concludente, no qual teceu
comentários concernente ao ano de 1975.
Na época, as Testemunhas de Jeová
entendiam o figurativo “dia” de “descanso” de Deus com sendo um período de
7.000 anos, e os últimos mil anos desse período de sete milênios como sendo o
Reinado Milenar de Cristo, que restaurará as condições paradisíacas na Terra.
(Gên. 2:1-3; He 4:3, 6, 10; Rev. 20:4-6)[1] Vale ressaltar que sabiam, pela
Bíblia, que esse período de 7.000 anos não começou imediatamente após a criação
de Adão, mas após a criação de Eva. A Bíblia não menciona o intervalo de tempo
entre a criação de Adão e a criação de Eva. Ambas as criações poderiam ter
ocorrido no mesmo ano, mas não necessariamente.
Tendo esse conceito realista das
limitações da cronologia bíblica, o irmão Franz declarou em seu discurso sobre
a cronologia que aponta para 1975:
“‘O
que isso significa? Será que significa que o dia de descanso de Deus começou em
4026 A.E.C. [quando Adão foi criado]? É possível que tenha começado. …
“‘O
que dizer do ano de 1975? O que irá significar, caros amigos?’ – perguntou o
irmão Franz. ‘Será que significa que o Armagedom estará terminado, com Satanás
preso, por volta de 1975? É possível. É possível. Todas as coisas são possíveis
para Deus. Será que significa que Babilônia, a Grande, terá sido derrubada por
volta de 1975? É possível. Será que significa que o ataque de Gogue de Magogue
será lançado contra as testemunhas de Jeová, para eliminá-las, daí o próprio
Gogue sendo posto fora de ação? É POSSÍVEL. MAS, NÃO ESTAMOS AFIRMANDO. Todas
as coisas são possíveis para Deus. MAS, NÃO ESTAMOS AFIRMANDO. E que nenhum dos
irmãos seja específico em dizer algo que irá acontecer daqui até 1975.’”. – A
Sentinela de 15 de fevereiro de 1967, p. 127.
A revista acima não costuma ser citada
pelos opositores das Testemunhas de Jeová. Contudo, ela faz parte de um
conjunto de evidências que estabelece a verdade sobre o que as Testemunhas de
Jeová realmente afirmaram sobre o ano de 1975. Como tornado claro no lançamento
do livro Vida Eterna — na Liberdade dos Filhos de Deus, o ano de 1975 foi
apresentado como sendo apontado pela cronologia bíblica como data histórica,
que marcaria 6.000 anos da história humana a contar do ano da criação de Adão.
Exatamente isso é o que foi descrito no referido livro, conforme exemplificado
abaixo:
“Desde o tempo de Ussher,[2] fizeram-se
estudos intensivos da cronologia bíblica. Neste século vinte, realizou-se um
estudo independente que não acompanha cegamente certos cálculos cronológicos
tradicionais da cristandade, e a tabela de tempo publicada, resultante deste
estudo independente, fornece a data da criação do homem como sendo 4026 A.E.C.*
Segundo esta cronologia bíblica fidedigna, os seis mil anos desde a criação do
homem terminarão em 1975 e o sétimo período de mil anos da história humana
começará no outono (segundo o hemisfério setentrional) do ano 1975 E.C.” – Vida
Eterna na Liberdade dos Filhos de Deus, 1966, p. 27.
Note que essa publicação ressaltou 1975
como data histórica, e não profética. Afirmou que essa data marcaria o fim –
não do mundo – mas de 6.000 anos da história da existência do homem, e o começo
– não do Reinado Milenar de Cristo – mas do “sétimo período de mil anos da
história humana”. Infelizmente, alguns veem nos textos de nossas publicações
algo bem diferente do que elas realmente afirmaram, devido a terem um conceito
predeterminado recebido de outros.
“Assim,
seis mil anos da existência do homem na terra acabarão em breve, sim, dentro
desta geração. Jeová Deus não tem limite de tempo, conforme está escrito no
Salmo 90:1, 2: ‘Ó Jeová, tu mesmo mostraste ser uma verdadeira habitação para
nós durante geração após geração. Antes de nascerem os próprios montes ou de
teres passado a produzir como que com dores de parto a terra e o solo
produtivo, sim, de tempo indefinido a tempo indefinido, tu és Deus.’ Portanto,
do ponto de vista de Jeová Deus, a passagem destes seis mil anos da existência
humana são apenas como que seis dias de vinte e quatro horas, pois este mesmo
salmo (versículos 3 e 4) prossegue, dizendo: “Fazes o homem mortal voltar à
matéria quebrantada e dizes: ‘Retornai, filhos dos homens.’ Pois mil anos aos
teus olhos são apenas como o ontem que passou e como uma vigília durante a
noite.” Assim, dentro de poucos anos em nossa própria geração atingiremos o que
Jeová Deus poderia considerar como o sétimo dia da existência do homem.” – Vida
Eterna na Liberdade dos Filhos de Deus, 1966, p. 29.
Novamente, observamos a mesma linha de
raciocínio: a publicação acima afirmou que 1975 marcaria historicamente a
entrada no “sétimo dia [de mil anos] da existência do homem”.
Coerentemente, as publicações dos anos
subsequentes mantiveram o mesmo teor. Observe-as abaixo:
“Será
que o dia de descanso de Deus equivale ao tempo em que o Homem tem estado na
terra desde a sua criação? Aparentemente, sim. Das mais fiáveis investigações
em cronologia Bíblica harmonizadas com muitas datas aceites da história
secular, descobrimos que Adão foi criado no outono do ano 4026 A.E.C. Algures
[em alguma parte] nesse mesmo ano Eva podia muito bem ter sido criada,
começando o dia de descanso de Deus imediatamente a seguir. Em que ano
terminariam, então, os primeiros 6.000 anos da existência do homem e também os
primeiros 6.000 anos do dia de descanso de Deus? No ano 1975. Isto é digno de
nota, particularmente em vista do fato de os “últimos dias” terem começado em
1914, e de os fatos físicos dos nossos dias em cumprimento da profecia marcarem
esta como sendo a última geração deste mundo iníquo. Por isso podemos esperar
que o futuro imediato esteja cheio de acontecimentos emocionantes para aqueles
que depositam a sua fé em Deus e nas suas promessas. Isto significa que dentro
de relativamente poucos anos nós vamos testemunhar o cumprimento das restantes
profecias que têm que ver com o “tempo do fim.” – Despertai!, abril de 1967,
pp.19-20.
Diria você sinceramente que as palavras
grifadas indicam a afirmação convicta de que o fim viria em 1975? Obviamente
que não. A revista acima afirma que “Eva podia” ter sido criada no mesmo ano
que Adão, e NÃO que ela definitivamente foi criada em tal ano. Então, partindo
desse PRESSUPOSTO, o referido artigo mostrou que, se assim fosse, “os primeiros
6.000 anos do dia de descanso de Deus” “terminariam” em 1975. A alusão que o
artigo fez ao contexto histórico entendido pelas Testemunhas de Jeová, de que
estamos no “tempo do fim” desde 1914, enfocou a proximidade do fim, mas não
determinou nenhuma data específica. De fato, mesmo hoje nossas publicações
adotam o mesmo conceito de proximidade do fim, com o objetivo de se manter a
vigilância espiritual. – Luc. 21:36; Dan. 12:4.
“Uma
coisa é absolutamente certa, a cronologia bíblica reforçada pelo cumprimento
das profecias bíblicas mostra que seis mil anos de existência do homem vão
acabar em breve, sim, nesta geração! (Mat. 24:34) Este não é, portanto, o tempo
para ser indiferente e complacente. Este não é o tempo para se estar a brincar
com as palavras de Jesus de que “com respeito àquele dia e hora ninguém sabe,
nem os anjos dos céus nem o Filho, mas unicamente o Pai.” (Mat. 24:36) Pelo
contrário é um tempo em que se deve estar plenamente ciente de que o fim deste
sistema de coisas está a chegar rapidamente ao seu fim violento. Não se engane,
é suficiente que o próprio Pai saiba o “dia e a hora”!” – A Sentinela,
fevereiro de 1969, p.116.
Novamente, a revista acima estabelece uma
relação de proximidade entre o fim dos “seis mil anos de existência do homem” e
o “fim deste sistema de coisas”. Isso se dá porque o fim do período de seis
milênios da existência humana ocorre historicamente dentro – e bem avançado no
tempo – da época que as profecias bíblicas apontam como sendo o “tempo do fim”.
(Dan. 12:4) Mas, tal revista NÃO AFIRMA que o fim do período de 6.000 anos da
história humana COINCIDIRIA com o fim do sistema mundial de coisas.
“Mas
o que dizer da atualidade? Atualmente, temos a evidência exigida, toda ela. E é
sobrepujante! Todas as muitas partes do grande sinal dos últimos dias estão
presentes, junto com a comprovante cronologia bíblica. … Isto deixaria apenas
seis anos mais a contar do outono setentrional de 1969 para completar os 6 mil
anos plenos da história humana. Este período de seis anos evidentemente
terminará no outono setentrional do ano de 1975.” – Despertai! de 22 de abril
de 1969, p.23.
Como já mostrado claramente neste artigo,
a revista acima aponta para uma data que cumpre um evento histórico – a marca
de seis milênios de historia da existência humana – marcado pela cronologia
bíblica. Mas não diz que essa data histórica marcaria o “fim do mundo”.
“Nossa
preocupação principal, agora, deve ser com o presente e o futuro. Precisamos
manter o proceder de fidelidade que impeça quaisquer possíveis arrependimentos
no futuro. Assim como olhamos para trás, para os últimos cinco anos, olhemos
agora para a frente, para cinco anos no futuro. Será então 1975. …
“Jeová
nos deu informações suficientes para que possamos saber definitivamente qual a
tendência dos eventos futuros. A sua Palavra revela que, sem dúvida, nos
aproximamos rapidamente do fim deste inteiro sistema iníquo de coisas. (Mat.
24:3-14; 2 Tim. 3:1-5; 1 João 2:17) O intenso ódio e a violência se tornarão
ainda mais ardentes. O desrespeito pela lei se tornará pior. Prevalecerá
antagonismo contra tudo o que for religioso. Este espírito se tornará tão
forte, que por fim resultará na destruição de todo o império da religião falsa,
Babilônia, a Grande. — Rev. 18:1-8.
“Portanto,
quando em breve chegar o fim deste sistema de coisas, qual será a nossa maior
necessidade, o nosso bem mais valioso? Não será nosso dinheiro, nem os bens
materiais. Não serão quaisquer elementos amistosos do mundo. Não, mas o nosso
bem mais valioso e a nossa maior necessidade será a fé inabalável em nosso
Deus, Jeová.
“Precisamos
ter a absoluta certeza, no coração e na mente, de que Jeová realmente vive e de
que tudo o que a Bíblia diz a Seu respeito é veraz.” – A Sentinela, 1.º de maio
de 1970, pp. 285-286.
Note que, quando a revista acima mencionou
a proximidade do fim, não relacionou isso com uma data específica, mas sim com
textos bíblicos que mostram que estamos no tempo do fim: Mateus 24:3-14 e 2
Timóteo 3:1-5. Quem ler esses textos, analisando-os com eventos históricos
marcantes num único período e a nível mundial, verá que o século vinte
mostrou-se diferente de todos os séculos precedentes: duas guerras mundiais, a
gripe espanhola, maior incidência de terremotos, bem como a pregação mundial do
Evangelho. Todos esses e outros acontecimentos tornam claro, como mostrou a
referida revista, que “nos aproximamos rapidamente do fim deste inteiro sistema
iníquo de coisas”.
“Todos
gostariam de saber por quanto tempo o sistema atual ainda há de continuar e
quando se há de realizar o propósito de Deus na terra do mesmo modo pleno como
no céu. Jesus respondeu que ‘estas boas novas do reino serão pregadas em toda a
terra habitada . . . e então virá o fim’. Aqui, no texto grego da Bíblia, ele
usou a palavra telos ou ‘fim’ para distinguir o que queria dizer com syntéleia
ou ‘terminação’ do sistema de coisas, o período de colheita em que vivemos
agora. (Compare isso com Mateus 24:3, 6, Diaglott.) NÃO SE PODE PREDIZER
EXATAMENTE QUÃO PERTOS ESTAMOS DO FIM DO ATUAL SISTEMA DIVISÓRIO DE COISAS,
visto que Jesus disse que nem mesmo ele sabia o dia ou a hora disso, no tempo
de seu ministério terrestre. (Mat. 24:36) Entretanto, a cronologia bíblica, que
indica que Adão foi criado no outono (hem. set.) do ano 4026 A. E. C., nos levaria
até o ano de 1975 E. C. como data que assinalaria 6.000 anos da história
humana, com mais 1.000 anos futuros da regência do Reino por Cristo. Portanto,
QUALQUER QUE SEJA A DATA DO FIM DESTE SISTEMA, torna-se claro que o tempo que
resta é reduzido, sobrando aproximadamente menos de seis anos até o fim de seis
mil anos da história humana.” – A Sentinela de 1.º de novembro de 1970, p. 657,
parágrafo 5.
É impressionante que a revista acima tenha
sido citada como “prova” de que as Testemunhas de Jeová prognosticaram o “fim
do mundo” para 1975! A revista acima depõe justamente CONTRA a afirmação de que
as Testemunhas de Jeová estabeleceram o ano de 1975 para o “fim do mundo”.
Pois, se assim tivessem feito, não afirmariam que “NÃO SE PODE PREDIZER EXATAMENTE
QUÃO PERTOS ESTAMOS DO FIM” do sistema de coisas, nem usariam expressões tais
como “QUALQUER QUE SEJA A DATA DO FIM DESTE SISTEMA”. O texto em negrito e em
maiúsculo é extremamente claro em mostrar que as Testemunhas de Jeová
reconheciam não saber a data do fim – nem o ano. Coerente com as publicações
anteriores, os editores apresentaram 1975 como data de um período histórico.
“Na
tarde de domingo, 26 de julho de 1931, num congresso internacional da A. I. E.
B., em Columbus, Ohio, E. U. A., adotou-se de coração a Resolução a favor da
adoção do Novo Nome, testemunhas de Jeová. … E agora, neste ano crítico de
1975, pode-se perguntar: Será que o Deus Altíssimo da profecia fez para si um
nome? A resposta é óbvia: Sim! Por meio de quem? Não pela cristandade, nem pelo
judaísmo, mas pelas testemunhas cristãs de Jeová!” – A Sentinela de 15 de março
de 1975, pp. 188-9, parágrafo 29.
Esse artigo mencionou 1975, não como data
do “fim do mundo”, mas como o ano em que estavam na época, do qual podiam olhar
para trás e recapitular o valor e o respeito que deram ao Nome divino, Jeová.
“Só
a partir do fim do ano de 1928 abriu-se ao entendimento espiritual do restante
ungido do ‘Israel de Deus’ a perspectiva de sobreviver à ‘guerra do grande dia
de Deus, o Todo-poderoso’, no Har-Magedon, e entrar aqui na terra na nova ordem
justa de Jeová. (Veja The Watch Tower, de 15 de dezembro de 1928, página 376,
parágrafos 35, 36.) E agora, no ano de 1975, alguns milhares dos do restante
ungido, ainda vivos nesta terra, aguardam o cumprimento desta perspectiva
alegre. A crescente ‘grande multidão’ de seus companheiros semelhantes a
ovelhas aguarda com eles entrar na Nova Ordem sem interrupção de vida. Na Nova
Ordem, Jeová Deus aumentará a ‘longura de dias’ do restante ungido na terra ao
ponto de fartar os membros dele. Resta a ver se serão ainda retidos aqui na
terra para ver o começo da ressurreição dos mortos terrestres e para conhecer
testemunhas fiéis dos tempos antigos, pré-cristãos. Gostariam disso, antes de
serem tirados do cenário terrestre para a recompensa celestial junto a Cristo.”
– A Sentinela de 15 de março de 1975, pp. 188-9, parágrafo 36.
A “perspectiva alegre” a que se refere
essa publicação não era ver o fim em 1975, e sim a possibilidade de os cristãos
com esperança celestial poderem permanecer na Terra por um tempo após o fim do
sistema. Que isso, naturalmente, foi apresentado como possibilidade pode ser
visto na frase “resta a ver se serão ainda retidos aqui na terra”. A menção de
1975 se deve a que estavam naquele ano.
“Receberam-se
notícias a respeito de irmãos que venderam sua casa e propriedade e que
planejam passar o resto dos seus dias neste velho sistema de coisas empenhados
no serviço de pioneiro. Este é certamente, um modo excelente de passar o pouco
tempo que resta antes de findar o mundo iníquo.” – Nosso Ministério do Reino,
julho de 1974, pp. 3-4.
Os que conhecem as publicações das
Testemunhas de Jeová sabem que o incentivo e o elogio a se dedicar mais tempo,
recursos e energias à obra de evangelização, em vista da relevância dessa obra
e da urgência de nosso tempo, tem sido comum ano após ano. Associar a necessidade
de abnegação com a proximidade do fim é uma constante nas publicações das
Testemunhas.
Veja, por exemplo, as seguintes
declarações:
“Temos
de considerar com oração como e até que ponto podemos simplificar a vida. … O
tempo se esgotou para o mundo nos dias de Noé, e se esgotará para o atual
sistema de coisas.” — A Sentinela de 15 de dezembro de 2003, p. 24, parágrafos
19-20.
“Muitos
irmãos deixaram suas casas para simplificar a vida, e nos alegra ouvir seus
relatos sobre como Jeová cuida deles e como seu serviço a ele lhes dá
felicidade. (Atos 20:35) Além disso, todos os servos batizados de Jeová podem
ter a bênção de ‘buscar primeiro o Reino e a justiça de Deus’ como parte de uma
fraternidade cristã global. — Mat. 6:33.” – A Sentinela de 15 de fevereiro de
2010, p. 26, parágrafo 9.
Mas, será que, ao se aproximar o ano 1975,
as expectativas das Testemunhas de Jeová não aumentaram a ponto de afirmarem
que o fim viria naquele ano? Veja a resposta no último número de A Sentinela de
1974. Sob o tema “Sirva com a eternidade em vista”, e debaixo do subtópico “Não
servimos apenas até certa data”, a revista comentou:
“É
verdade que a mais exata cronologia bíblica disponível indica que 6.000 anos da
existência humana terminarão em meados da década de 1970. De modo que estes
cristãos estão intensamente interessados para ver se isto coincidirá com o
irrompimento da ‘grande tribulação’ dos nossos dias, a qual eliminará da terra
todos os iníquos. Pode coincidir. Mas eles nem mesmo tentam predizer com exatidão
quando virá a destruição do sistema iníquo de coisas de Satanás. Estão
contentes em esperar e ver, reconhecendo que nenhum homem na terra sabe a data.
— Mat. 24:36.
“As
testemunhas cristãs de Jeová confiam em que Deus acabe com este sistema ímpio no
SEU tempo devido. Quando a ‘grande tribulação’ começar, poderemos reconhecer
isso. Portanto, em vez de especular a respeito de certa data, como se
servíssemos com certa data por alvo, podemos concentrar-nos na importante obra
de pregação que Jesus disse que seus discípulos fariam neste período de tempo.
(Mar. 13:10) Assim, quando a ‘tribulação’ irromper, seremos encontrados
atarefados e zelosos em cumprir a tarefa que temos. Assim, não fixaremos nossa
mira numa data futura, mas serviremos com a eternidade em vista, assim como
Judas exorta os cristãos.” — A Sentinela de 15 de dezembro de 1974, pp. 754-5,
parágrafos 18-19.
Por conseguinte, as Testemunhas de Jeová
mantiveram coerentemente o que haviam afirmado sobre 1975 desde o princípio:
que aquele ano marcaria o fim de “6.000 anos da existência humana”. Em nenhuma
de suas publicações afirmaram que tal ano marcaria o fim de 6.000 anos do
“descanso” de Deus. (Heb. 4:1-10) Expressões tais como “pode coincidir” e ‘ver
SE coincidirá’ exprimem admissão de possibilidade, não afirmação categórica. A
fraseologia usada em nossas publicações mostrou que essa data histórica, que
marcou o fim de seis mil anos da existência do homem – PODERIA coincidir com o
fim de seis mil anos do “descanso” de Deus. Mas, ao mesmo tempo, os editores
NÃO AFIRMARAM que isso DE FATO ocorreria.
Infelizmente, alguns membros da
organização, ávidos de que o fim chegasse logo, concluíram que 1975 marcaria
mais do que o fim de seis milênios da criação de Adão – que marcaria também o fim
dos seis milênios do descanso de Deus, ALGO QUE NÃO FOI AFIRMADO NAS
PUBLICAÇÕES das Testemunhas de Jeová. Assim, os que compunham a direção da obra
mundial podiam honestamente apontar isso, como mostra a publicação abaixo:
“Caso
alguém tenha ficado desapontado, por não seguir este raciocínio, deve agora
concentrar-se em reajustar seu ponto de vista, por não ter sido a palavra de
Deus que falhou ou o enganou e lhe causou desapontamento, mas, sim, seu próprio
entendimento baseado em premissas erradas.” – A Sentinela de 15 de setembro de
1980, p.17.
A mesma revista afirmou: “É impossível
calcularmos de antemão quando é o fim do mundo.” (Página 18, parágrafo 8.)
Contudo, vale ressaltar que, em suas publicações de anos anteriores, as
Testemunhas de Jeová viveram à altura dessa declaração.
Também, deve-se salientar que os que
compunham a direção da obra mundial, ao expressar-se sobre o assunto por meio
das publicações, não atribuíram más motivações aos que foram além do que havia
sido afirmado por escrito. Observe como isso foi amorosamente colocado, lendo a
publicação abaixo:
“As
conclusões erradas não aconteceram por intenção maldosa ou infidelidade para
com Cristo, mas sim por causa do desejo ardente de ver o cumprimento das
promessas de Deus nos seus próprios dias. …
“De
fato, pode-se confiar nas promessas de Deus! Os humanos é que estão propensos
ao erro. Portanto, os cristãos verdadeiros continuarão numa atitude de espera,
em obediência à ordem de Jesus. Eles vão manter-se alertas e prontos para a
inevitável vinda de Cristo como Executor de Deus. Não permitirão que falsas
predições ofusquem a sua percepção levando-os a desconsiderar o verdadeiro
aviso a respeito do fim do mundo.” – Despertai! de 22 de junho de 1995, p. 9.
Como se pode ver neste estudo imparcial,
despojado de preconceitos e de sentimentos anuviadores do raciocínio, nenhuma
publicação das Testemunhas de Jeová afirmou que em 1975 viria o “fim do mundo”
– o fim do sistema mundial.
[1]
Veja o livro Seja Deus Verdadeiro, edição em inglês de 1946 (1949 em português,
pp. 153-168), publicado pelas Testemunhas de Jeová, mas atualmente esgotado;
também a revista A Sentinela de 1.º de janeiro de 1987, p. 30. Esse conceito
não foi declaradamente abandonado. Ocorreu que, em publicações mais recentes,
ele deixou de ser mencionado. Assim, a obra Estudo Perspicaz das Escrituras
(id.) menciona o “período de descanso do sétimo dia” criativo como tendo
“milhares de anos de duração”. – Vol. 1, p. 710; vol. 3, p. 475.
[2]
A referência é ao famoso prelado anglicano, irlandês, o Arcebispo James Ussher
(1581-1656 E. C.), que estabeleceu uma cronologia da existência humana baseada em seu estudo da Bíblia.
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